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Dados saúde bucal no Brasil e no mundo preocupam


Pesquisas nacionais e internacionais alertam para cenário crítico em saúde bucal, especialmente nas populações mais vulneráveis 

A saúde bucal da população tem de se tornar uma pauta de ainda maior atenção para as autoridades – no Brasil e no mundo. Pesquisas recentes evidenciam como indivíduos de todas as idades têm sofrido com doenças bucais e falta de higiene oral, a nível nacional e mundial. No Brasil, depois de mais de dez anos, finalmente a terceira edição do SB Brasil foi divulgada. No cenário mundial, o Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum) lançou um relatório com vários dados que preocupam acerca do tema.

A última Pesquisa Nacional de Saúde Bucal (conhecida como SB Brasil), que é a principal forma de avaliar a condição odontológica dos brasileiros, havia sido divulgada em 2010. Desde 2020 estava em curso a realização de uma nova edição, mas a pandemia atrasou o estudo. O SB Brasil é uma pesquisa abrangente que adota metodologia validada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o que possibilita a comparação dos números do Brasil com outros países. 

 

Ação da Turma do Bem em Capão da Canoa-RS

 

Segundo o SB Brasil 2020/2023, o mais novo estudo divulgado, das crianças brasileiras de 5 anos, 41,2% delas possuem um ou mais dentes com cárie dentária não tratada. Outro dado que preocupa é que 10% das crianças de 5 anos no Brasil precisam de tratamento odontológico de urgência.

Quando se olha para os jovens de 12 anos, a porcentagem de indivíduos com cárie é de 39,9%. O percentual de jovens de 12 anos que precisam de tratamento com urgência é de 6%, sendo que 14% do total deles apresentaram trauma dentário. Nos adolescentes de 15 a 19 anos, o percentual de jovens com cárie é ainda maior: 43,9% possuem dentes cariados não tratados. Em relação à necessidade de tratamento com urgência, 11,4% dos adolescentes de 15 a 19 anos brasileiros estão nesta condição. 

 

Jovem avaliado em ação da Turma do Bem em Capão da Canoa (RS

É importante ressaltar que há variações nos dados de acordo com as regiões do país: os maiores percentuais são observados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Vale lembrar que Norte e Nordeste são os estados mais pobres do país, de acordo com pesquisa da FGV. 

Em relação a adultos e idosos, o cenário é ainda mais desanimador. Dos adultos, aproximadamente metade deles sofrem de cárie. A maior parte deles precisa de atendimento odontológico, segundo a pesquisa, e pelo menos metade dos indivíduos precisa utilizar prótese dentária. Cerca de um terço dos idosos brasileiros possuem cárie e 36,27% deles não têm nenhum dente. Além disso, a pesquisa afirma que 70% dos idosos precisam de prótese dentária. 

Tirando as crianças de 5 anos, todos os demais grupos etários demonstram ter menos da metade de seus indivíduos livres de cáries. Este é um número importante a se considerar quando abordamos a saúde bucal dos brasileiros. 

 

Dra. Manuela em ação da Turma do Bem

 

Engana-se quem pensa que a necessidade de atenção em relação à saúde bucal é um cenário que se restringe ao Brasil. Uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial reportou que uma crescente crise de saúde bucal está afetando bilhões de pessoas, o que sobrecarrega os sistemas de saúde e as economias em todo o mundo. Isso porque, ainda de acordo com o relatório, os cuidados odontológicos têm sido historicamente negligenciados como uma questão essencial de saúde, afetando particularmente as populações vulneráveis. 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), quase metade da população mundial sofre de doenças bucais, totalizando 3.5 bilhões de pessoas. E tem mais: o número de casos de doenças bucais cresce mais rápido do que a população mundial – com os países de baixa renda contabilizando o maior aumento relativo. Além disso, existem mais casos de doenças bucais no mundo do que de doenças mentais, doenças cardiovasculares, diabetes, doenças crônicas, doenças respiratórias e todos os tipos de câncer juntos. 

Jovem avaliado em ação da Turma do Bem em Capão da Canoa (RS)

Outro dado relevante divulgado pelo trabalho chamado “The Economic Rationale for a Global Commitment to Invest in Oral Health”, do Fórum Econômico Mundial, evidencia que 29% dos jovens adultos de baixa renda nos Estados Unidos dizem que a aparência da sua boca e dentes afeta a capacidade deles de realizar uma entrevista de emprego. Ainda falando sobre o cenário mundial em saúde bucal, dados combinados de 18 países explicitam que a probabilidade de não conseguir atendimento dentário é, em média, três vezes maior do que para outros cuidados médicos. 

Este estudo do Fórum Econômico Mundial joga luz sobre outro fato que é pouco difundido: uma melhor saúde bucal tem sido associada a uma melhor cura para pessoas que sofrem de doenças cardíacas, doenças respiratórias, diabetes, demência, artrite e para mulheres grávidas, por exemplo. 

 

Ação da Turma do Bem em Pratânia (SP)

Mesmo com números alarmantes no Brasil e no mundo, a saúde bucal ainda é percebida por muitos como à parte da saúde integral (física e mental), como se a boca estivesse separada do corpo, o que traz tamanha desvalorização. No âmbito social, a lógica é a mesma: sem saúde bucal, perde-se qualidade de vida, bem-estar emocional, oportunidades de trabalho e muitas outras dinâmicas de socialização. 

Um dos pilares da Turma do Bem é a valorização da odontologia e da saúde bucal como essenciais para o indivíduo. Um ser humano sem saúde bucal, com dor de dente, que tem vergonha de sorrir, dificilmente terá qualidade de vida. Conquistar um emprego ou até mesmo um relacionamento afetivo será muito mais complicado.

A OMS desenvolveu um Plano de Ação para Saúde Bucal Global recentemente que apresenta um conjunto de 100 iniciativas tangíveis para melhorar saúde oral em seis áreas estratégicas de ação:

 

  1. Uma abordagem de saúde pública à saúde oral. 
  2. Integração da saúde oral nos cuidados primários assistência médica. 
  3. Modelos inovadores de força de trabalho para responder às necessidades da população em termos de saúde bucal. 
  4. Cuidados de saúde oral centrados nas pessoas. 
  5. Intervenções de saúde oral personalizadas ao longo da vida curso. 
  6. Tecnologias digitais otimizadas para a saúde oral.

 

Esse plano de ação está sendo desenvolvido desde 2022. A proposta da OMS é que os países possam cumprir as iniciativas até o ano 2030. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou no prefácio do documento do plano que “os Estados-Membros demonstraram o seu compromisso com a melhoria da saúde oral nos últimos anos, adotando a histórica Resolução sobre saúde oral em 2021 e a estratégia global sobre saúde oral em 2022. Seguiu-se, em 2023, o desenvolvimento do Plano de Ação Global para a Saúde Oral 2023-2030, que traduz a visão, o objetivo e os objetivos estratégicos da estratégia global numa série de 100 ações para uma ação mais forte e coordenada em saúde oral. O plano de ação também inclui um conjunto de 11 metas globais para acompanhar o progresso na saúde oral para todos os indivíduos e comunidades até 2030.”

O objetivo da proposta é melhorar os compromissos políticos e de recursos para a saúde oral, reforçar a liderança e criar parcerias “ganha-ganha” dentro e fora do setor da saúde. Essa iniciativa busca o reconhecimento e integração da saúde oral em todas as políticas relevantes como parte das agendas nacionais. Clique aqui para ler o documento com as 100 iniciativas na íntegra. 

O Fórum Econômico Mundial também descreveu em seu relatório pontos que considera crucial para uma melhora no cenário de saúde bucal em todo o mundo. Veja alguns dos pontos: 

  • Necessidade dos governos de integrar a saúde bucal aos programas de saúde pública como parte das políticas de cobertura universal de saúde;
  • Empresas expandam a cobertura de serviços de saúde bucal em programas de seguro de saúde fornecidos por empregadores; 
  • Organizações multilaterais incluam a saúde bucal em diálogos políticos para fortalecer os sistemas de saúde; e
  • Organizações da sociedade civil invistam em atividades de saúde bucal como parte do apoio filantrópico para o fortalecimento dos sistemas de saúde nos países.  

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