Propostas para a Coordenadoria de Saúde Bucal
Turma do Bem vai à Brasília propor à Coordenação Geral de Saúde Bucal um Mutirão Nacional de Tratamento Odontológico
Organização apresentou projeto de assistência odontológica nas escolas após anos de desmonte em saúde bucal no Brasil
A Turma do Bem realizou nesta terça-feira (16) uma reunião com a Coordenadora Geral de Saúde Bucal do país, Doralice Severo da Cruz, e com os Assessores Técnicos da Coordenação Geral da Saúde Bucal, Marcus Prates e Flávia Santo. O encontro ocorreu na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. A pedido da TdB, diretores da Turma do Bem (Fernando Santos e Amanda Monteiro) e voluntários da organização (Eric Franco e Itamar Teixeira) foram recebidos pela pasta para discutir e fomentar políticas públicas no âmbito de saúde bucal brasileira.
Em parceria com a Prof. Dra. Fernanda Carrer, da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP), e o Prof. Dr. Gilberto Alfredo Pucca Jr., que implantou o Programa Brasil Sorridente em 2003, a Turma do Bem propôs à Coordenação Geral de Saúde Bucal um Mutirão Nacional de Tratamento Odontológico, a fim de reparar os danos de anos de desmonte da saúde bucal no Brasil. O projeto do mutirão envolve Ministério da Saúde (e o recém retornado Brasil Sorridente), estados, prefeituras, ONGs, SUS, universidades e sociedade civil, todos articulados com o Programa Saúde na Escola (PSE).
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Desde 2016, o setor odontológico vinha sofrendo um desmonte. Devido a este cenário, após seis anos com pouco investimento na área, a situação odontológica da população brasileira é complexa. As triagens recentes da Turma do Bem confirmam o cenário: desde muitos anos atrás, a TdB não avaliava tantas crianças e adolescentes com casos odontológicos muito graves. Além disso, os resultados preliminares do SB Brasil 2020, estudo sobre as condições de saúde bucal da população brasileira, mostram que as crianças e adolescentes estão com mais componentes cariados atualmente.
A proposta do Mutirão Nacional de Tratamento Odontológico vê a escola como um espaço promotor de saúde, que irá ressignificar o PSE. Além disso, será utilizada estratégia de mínima intervenção nas crianças e adolescentes, a fim de tratar tudo o que for possível nas escolas. No projeto, casos graves que não puderem ser tratados nas escolas serão direcionados para a Turma do Bem, outras ONGs, universidades e/ou Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs), pactuados com os municípios, de modo a potencializar esta rede de colaboração em torno da saúde bucal da população dos estudantes. O mutirão também foi pensado para ser replicado e expandido para outros ambientes coletivos, para além da escola, como quadras, ginásios etc.
A proposta prevê um mutirão que segue a técnica de Tratamento Restaurador Atraumático (TRA), que restaura dentes atingidos pela cárie dental utilizando somente instrumentos manuais, sem uso de brocas ou turbinas. O mutirão segue expectativas numéricas do projeto ART-SUS/SP, sob coordenação das professoras Fernanda Carrer, Daniela Raggio e Ana Estela Haddad. A perspectiva é que a cada mês dez mil crianças e adolescentes sejam atendidas no mutirão.
Assim como outros problemas da sociedade brasileira são enfrentados com o apoio da sociedade civil, a saúde bucal no Brasil também pode se beneficiar da mesma forma. A crise humanitária do povo Yanomami, o crescente ataque às escolas brasileiras e a preservação da Amazônia são alguns exemplos que evidenciam sociedade civil, terceiro setor e governo podem e devem trabalhar unidos. A longo prazo, a expectativa é de redução de emergências nas UBSs, do número de extrações e da necessidade de próteses e implantes, além do impacto positivo no desenvolvimento, autoestima e aprendizado das crianças e adolescentes. O Mutirão Nacional de Tratamento Odontológico quer tornar o Brasil uma nação consciente e que trabalhe em prol da saúde bucal da população.